Por Lidiane Barros / Casa NINJA Amazônia
Cidade de belezas naturais impressionantes e que salvaguarda também, uma das histórias de luta e resistência negra mais singulares do Brasil, Vila Bela da Santíssima Trindade é reconhecida também, por cultivar manifestações culturais seculares. Caso das danças do Congo e Chorado, cujas apresentações integram anualmente, a programação da Festança, um dos eventos mais tradicionais do calendário mato-grossense.
Em nossa breve jornada pela cidade que fica no sudoeste de Mato Grosso e a mais de 520 km de Cuiabá, conhecemos um dos seus destinos mais procurados por turistas, o Cânion do Jatobá, que fica no Parque Estadual Serra Ricardo Franco. Da cidade até o ponto de partida para o atrativo, a Pousada 7Kedas, são 17 km por estrada de chão.
Abaixo, explicitamos 3 motivos (e alguns argumentos extra) para você conhecer esta maravilha de Mato Grosso. Este texto faz parte de uma série de artigos que serão produzidas a partir da caravana do Refloresta Já, da Casa NINJA Amazônia, pelos estados da Amazônia, começando por Mato Grosso.
Poço das Noivas e Cânion do Jatobá
A partir daí, seguimos 2,5 km mata adentro, por mix de vegetação com espécies da Amazônia e Cerrado. Na trilha, cruzamos o Córrego Arvaídes. Mas como estávamos no mês de maio e a estiagem começou mais cedo, suas águas haviam baixado, deixando à vista um “rio de pedras”. De dezembro a março, no período chuvoso, suas águas emergem e ele chega a alcançar profundidade considerável, a ponto de dificultar bastante o acesso ao cânion, principalmente, pela força da correnteza.
Contornando a margem direita do córrego, continuamos subindo até chegar ao belíssimo Poço das Noivas, com águas límpidas e profundidade de cerca de 1,5 metros, onde nos refrescamos um pouco. Subindo mais um pouco chegamos ao nosso destino final.
O Cânion do Jatobá é incrível, com água de tom azul turquesa, quando observado, mas totalmente cristalina quando você está dentro dele. Para completar o visual, o poço é emoldurado por paredões de arenito simetricamente desenhados pela ação do tempo. Pegamos ainda um bom período para visitação, pois entre os meses de junho a outubro, ele seca totalmente, tal qual o Córrego Arvaíde.
Passeio pelo rio Guaporé
Entre uma agenda e outra a cumprir na cidade, conseguimos um tempinho ao pôr-do-sol para nos lançar em um passeio de barco sobre as águas escuras e misteriosas do rio Guaporé. Vale ressaltar, além dos biomas Amazônia e Cerrado, Vila Bela guarda ainda uma porção pantaneira. Um Pantanal surpreendente porque o rio Guaporé é habitado ainda por população de botos cinza que diante da movimentação dos barcos, aparece para dar boas-vindas!
Na trilha de barco passamos por ninhais de pássaros como garças, biguás, inhumas, ciganinhas e araras canindé. Estas, que ocupam os buritizais submersos, no trajeto fluvial.
Ruínas da Igreja Matriz
Batizada no projeto de colonização como “Vila Bela”, a cidade foi fundada em 19 de março de 1752, às margens do Guaporé. Foram as riquezas minerais da região que atraíram os portugueses, porém, com a falta de rotas comerciais e distância dos grandes centros fez com que a primeira capital de Mato Grosso fosse transferida para Cuiabá, em 1835. Assim, grande parte dos moradores a abandonaram.
No centro da cidade encontramos os sinais da colonização portuguesa, as ruínas da Matriz que não chegou a ser concluída, estimam historiadores, justamente, por conta da decadência econômica. Seus alicerces têm embasamento de cantaria em pedra canga e suas paredes, adobes de extraordinária espessura. O clima úmido acelera a ação do tempo, ainda que uma cobertura tenha sido incorporada às ruínas.
À sua frente, localiza-se outra edificação colonial, o Palácio dos Capitães-Generais, que hoje abriga a Secretaria Municipal de Cultura. Lá funciona ainda, o Museu Histórico da cidade, onde você encontra por exemplo, informações de que esta seria também uma das primeiras cidades planejadas do país. O projeto determinado pela coroa portuguesa previa inclusive, a edificação da primeira faculdade de Medicina do país, mas que não chegou a ser construída.
Outros atrativos
Dentre diversos atrativos além do Cânion e o rio Guaporé, destaca-se a Cachoeira do Jatobá, como principal destino de visitantes. Ela é uma das maiores do Brasil, com 252 metros de altura. A queda despenca em um belíssimo paredão de arenito, próximo ao vértice do cânion.
Entre tantas cachoeiras, trilhas e cânions destacam-se ainda, a dos Namorados, Cascatinha, Andorinhas, Capivari e Samambaias, além da Trilha da Poaia.
Pensando em ir para lá?
Informações sobre atividades culturais, com o gerente de cultura de Vila Bela, Romildo Alves (75) 99101-1270.
Sobre pontos turísticos, a guia Luana Souza pode ajudar: (65) 98418-1518