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Marielle Ramires é homenageada na abertura da IV Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília

por | ago 3, 2025

Foto: Lidiane Barros

A memória de Marielle Ramires, cofundadora da Mídia NINJA e da rede Fora do Eixo, foi lembrada neste sábado (2) durante a abertura da IV Marcha das Mulheres Indígenas, maior encontro de mulheres indígenas do Brasil, realizado a cada dois anos na capital federal. A fotografia de Marielle foi exibida em um painel ao lado de outras mulheres que partiram recentemente — em sua maioria, indígenas. O mosaico inclui, ao lado de Mari, a guerreira histórica Tuíre Kayapó, uma das lideranças mais reconhecidas do movimento indígena.

A homenagem marca a força do vínculo construído por Marielle com as mulheres indígenas, especialmente por meio de sua parceria com a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), organizadora do evento.

Marielle Ramires, fundadora da Mídia NINJA e uma das nossas maiores referências, foi liderança essencial nos debates e ações sobre justiça climática, ambiental e ancestral. Sua trajetória deixa um legado imenso e vivo em toda a nossa rede”, declarou a ANMIGA à época de sua morte, ocorrida em abril de 2024.

Ela sempre atuou de forma muito positiva e dedicada para apoiar e fortalecer o movimento através de suas ações. Marielle era alegria, amor, sabedoria, dedicação, força e resistência. E assim ela partiu: em luta e resistência. Que os ancestrais a recebam e coloquem em um bom lugar.”

A presença de Marielle no painel da memória reafirma o reconhecimento do seu papel como aliada estratégica das lutas dos povos indígenas e do feminismo ancestral. Sua atuação era marcada pela escuta, pela comunicação como ferramenta de transformação social e pelo fortalecimento de articulações como a própria ANMIGA, com quem construiu parcerias desde a fundação da organização.

No dia 5 de agosto, em Brasília, como parte dos eventos que celebram a Marcha das Mulheres Indígenas na capital federal, será lançada oficialmente a Fundação Marielle Ramires. O evento será realizado na Nave Brasília e marca o início de um projeto coletivo e inédito que dá forma e continuidade ao legado que Mari construiu em vida, nas ruas, nas redes, nas florestas e nos territórios em luta.

A Marcha em um momento decisivo

Com o tema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta pela cura da Terra”, a IV Marcha das Mulheres Indígenas ocorre até o dia 8 de agosto e terá como destaque a 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, que será aberta no domingo (4). A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e outras lideranças políticas e espirituais participarão dos atos e mesas temáticas.

O evento acontece em um momento crítico: até o dia 8 de agosto, o presidente Lula deve decidir sobre a sanção ou veto ao projeto de lei que flexibiliza regras para o licenciamento ambiental — o chamado “PL da Devastação”, que pode excluir a Funai de processos que impactam territórios indígenas ainda não homologados.

Com mais de seis mil mulheres reunidas na última edição, em 2023, a Marcha das Mulheres Indígenas se consolida como espaço de articulação e resistência dos povos originários, e nesta edição reafirma que a memória também é território — e que Marielle Ramires segue presente.

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