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Há 12 anos nascia a Pós TV, projeto audiovisual que impulsionou a Mídia NINJA

por | jun 23, 2023

Em junho de 2011, nascia um projeto inovador que viria a se tornar um dos principais circuitos de formação audiovisual no Brasil impulsionando a criação da Mídia NINJA. Projetada por coletivos da rede Fora do Eixo, a Pós TV rapidamente conquistou espaço em diversas cidades brasileiras e se estabeleceu como um canal de comunicação na internet, trazendo uma proposta de transmissão descentralizada e democrática.

Com um notebook e uma webcam, qualquer pessoa, de qualquer lugar, poderia colocar seu conteúdo na rede, seguindo os princípios de sustentabilidade e do faça-você-mesmo. O marco da Pos TV surgiu em uma das várias reuniões de organização para a Marcha da Liberdade, em São Paulo, que eram transmitidas ao vivo. Com participação ao vivo de diversos manifestantes por todo o Brasil e debates sobre as movimentações em tempo real, a primeira de muitas conversas infinitas teve 11 horas de duração e contou com a participação de vários convidados.

A experiência da transmissão em tempo real – que há uma década não era tão corriqueira como é atualmente – surgiu a partir da prática que os integrantes acumularam nas equipes de comunicação dos coletivos fora do eixo Rio – São Paulo. Muitos utilizavam a tecnologia da época para difundir eventos culturais de suas cidades, como Cuiabá, Rio Branco, Manaus, São Carlos, Uberlândia e Fortaleza.

Além das ruas, as casas da rede Fora do Eixo eram os principais locais dos estúdios de gravação da Pós TV, possibilitando uma programação corriqueira na web. Diariamente, a Pós TV registrava de 200 a 500 acessos, dependendo da programação, e em momentos especiais, como a transmissão ao vivo do show do Emicida em Buenos Aires, chegou a alcançar 20 mil acessos.

Um dos programas de destaque da Pós TV era o “Supremo Tribunal Liberal”, comandado pelo produtor cultural Claudio Prado. O programa adotava uma abordagem diferente, realizando entrevistas em um sofá na Rua Augusta, em São Paulo, e conversando com as pessoas que passavam pelo local. Essa abertura para diferentes situações e interações rendia momentos surpreendentes e enriquecedores para os espectadores.

Cena icônica de transmissão do programa da Pos TV “Supremo Tribunal Liberal”, na rua Augusta, em São Paulo

A Pós TV foi além da transmissão de eventos ao vivo e se tornou um canal de produção de conteúdo variado, abrangendo debates, mesas redondas, shows, palestras, manifestos e ações políticas, sociais e culturais. Seu objetivo era promover a difusão da cultura, a troca de saberes e estimular a cultura do compartilhamento. Através da conexão entre cultura, juventude e tecnologias digitais, buscava-se a construção de uma cidadania ampla e o acesso democratizado aos meios de informação e comunicação.

O projeto funcionava como um laboratório de metodologias midialivristas, conectando diferentes inteligências em um veículo horizontal, que valorizava a rede e a produção de conteúdo relevante. Com cerca de 80 programas por semana em todo o Brasil, realizados em todas as regiões do país, cada ponto de transmissão tinha autonomia para definir sua programação em termos de horário, técnica e conteúdo, contando sempre com o apoio e suporte da equipe nacional.

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