Série finaliza quatro temporadas neste domingo (21). Confira crítica sem spoilers
Por Isis Maria
Succession é uma série de 2018, e como o nome diz, vai abordar o processo em busca do sucessor de Logan Roy, o patriarca durão à frente de um conglomerado de comunicação, entretenimento, parques e cruzeiros que ele construiu durante sua vida. O problema é que Logan ainda está vivo e vai acompanhar de perto esse processo, com seu jeitinho especialmente grosseiro e abusivo, fazendo seus testes de lealdade e capacidade de agir sob pressão de seus filhos, que são centrais nessa história.
Na série, além de Logan, nós acompanhamos Kendall, Roman, Shiv e Connor, os filhos de Logan. Os três primeiros são os principais interessados em ser o próximo CEO da Waystar Royco; Connor, o mais velho, não tem interesse em tomar frente dos negócios, mas quer os benefícios que ser um Roy traz.
Numa camada mais próxima a esse grupo temos um genro muito puxa-saco e sedento por poder, Tom, e um primo bastante desorientado e influenciável, Greg, além dos funcionários de décadas que acompanham Logan na empresa, e sabem de todas as tretas.
São 4 temporadas para entender o que acontece dentro da Waystar Roycco e o que as pessoas são capazes de fazer para alcançar objetivos, mas olhando também para toda a complexidade humana dos sentimentos, vícios, maldades e ingenuidades presentes cada um.
Kendall é, de saída, quem mais luta para alcançar o posto principal na empresa, se desdobrando para ser apontado como sucessor, mas tem o irmão mais novo, Roman, na disputa e é provocado diretamente com a chegada de Shiv ao jogo. Logan, de um jeito torto, tenta aproximar os filhos através da empresa, colocando todos a trabalho dela. Shiv, que trabalha como consultora política muda de carreira numa oportunidade de se aproximar do pai ao ser chamada para possivelmente assumir esse lugar. Roman e Kendall estão entre os cargos de COO e CEO. Roman está sempre ao lado de Logan, por medo ou por respeito, e por acreditar que o pai sempre vence. Kendall quer ser visto como alguém tão bom quanto o pai e sofre por esse reconhecimento. E Logan brinca com isso ao longo da série, dando e tirando poder de cada um deles. Apesar de serem quase rivais, os 3 são os que mais se conectam. Connor tem um arco próprio, que não disputa posição dentro da empresa, mas quer concorrer a presidência dos Estados Unidos e, para isso, busca ajuda de seu pai e toda influência que ele tem.
A dinâmica de quem luta ao lado de quem e contra quem muda bastante, e é um dos motivos pra assistir à série, mais do que saber ao fim, quem será sucessor. Porque nesse meio tempo, há ainda uma empresa para cuidar, com todos os problemas de administração que ela tem, e que vemos que não são poucos. Quando parece que a coisa está caminhando para uma solução e tudo está acertado, muda. Um jogo o tempo todo para saber quem pode mais, articula mais, vai acertar mais, com um total de nenhum escrúpulo. Vale destaque para o final da segunda temporada e uma virada inesperada na terceira.
Mocinhos não existem em Succession, mas não é simples apontar vilões. Entre brigas, acordos, paisagens deslumbrantes, muito dinheiro, palavrões, passadas de perna, disputa de egos, os dias dos Roy se desenrolam e acompanhamos perdas, casamentos, mortes, vitórias, lucros. É difícil ter um personagem preferido, afinal todos são detestáveis, mas cada temporada levanta uma bola que nos aproxima de alguns e afasta de outros. Tem hora que dá pena, tem hora que dá raiva. Não espere redenção de ninguém, e se puder, divirta-se com bilionários tendo muitos problemas a enfrentar. A união e capacidade de traição dessa família é algo difícil descrever.