Por Emergentes Medio
Como você coloca o foco nos limites do visível? Esta é a provocação que o Festival Internacional de Cinema e Formação em Direitos Humanos dos Migrantes, o Cinema Migrante, nos traz. Ano após ano, nos aprofundamos em sua programação, que já atraiu mais de 95.000 pessoas em edições anteriores e já foi replicada em outros países como Colômbia, Espanha, Itália e Inglaterra.
Em 2023, o Centro Cultural San Martín, o Cinema Gaumont e o Centro Cultural Kirchner (CCK) da Cidade de Buenos Aires serão os anfitriões da décima quarta edição do festival, que acontecerá de 20 a 30 de setembro.
Num ano de agendas eleitorais delineadas pelo avanço da extrema direita na Argentina, as agendas que o festival traz são mais urgentes do que nunca para refletir sobre a experiência da migração, da diáspora e da diversidade cultural.
Programação visível e ativa
A curadoria central, “Indícios de Parcelas Habitáveis”, é composta por sete programas e oferece um espaço para vozes relegadas que buscam escapar das limitações da modernidade ocidental. Estes filmes exploram transições entre diferentes formas de existência, onde o corpo se torna veículo de novas formas de conhecimento e numa delicada linguagem cinematográfica noturna, como explica o Festival.
Por outro lado, “Materiais Fantasmas” centra-se na recuperação de material de arquivo e é composto por três programas. Esta seção especial lança luz sobre a memória dos movimentos de libertação na Guiné Bissau, ressuscitando imagens que evocam a libertação encarnada por figuras como Amílcar Cabral e os ideais do Tricontinental.
Entre as atividades em destaque está a estreia latino-americana de “Nome”, de Sana Na n’hada, bem como a exibição especial de “Mato seca em chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta. Por outro lado, serão realizadas conferências principais, incluindo a palestra de Olivier Marboeuf sobre “O cinema da mudez e além: o desejo de ver”.
Entre a programação de atividades estarão também conferências, debates, leituras coletivas e todas com entrada gratuita e lotação limitada.
Transferir a tela
Florencia Mazzadi, diretora do Festival CineMigrante, refletiu sobre o poder das imagens que construirão esta edição: “Elas buscam redefinir a narrativa migratória, desafiando as representações convencionais impostas pela hegemonia ocidental. Neste festival, a tela torna-se um terreno de resistência e transformação, onde vozes marginalizadas encontram um espaço para expressar a sua própria narrativa e desafiar as normas impostas de fora. O CineMigrante não é apenas um festival de cinema, mas um movimento que transcende fronteiras e busca criar uma comunidade de pensadores e artistas que lutam por uma representação mais inclusiva e autêntica no mundo do cinema e das artes visuais.”
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