Iniciativa promovida pela organização inglesa em In Place of War reconheceu o trabalho de estúdios independentes no Brasil, África do Sul e Paquistão
O estúdio de gravação da Nave Coletiva da Mídia NINJA acaba de ser premiado pelo programa catalisador #HackMusic, promovido pela organização inglesa In Place of War, que fortalece estúdios independentes e coletivos culturais em países do Sul Global e apoia organizações que atuam em áreas afetadas por conflitos, mudanças climáticas e desigualdade social através de suporte financeiro, doação de equipamentos, mentoria e estágios para capacitação e desenvolvimento.
O prêmio engloba recursos para reforma e melhoria do estúdio em São Paulo, a doação de equipamentos através de uma parceria com a fabricante de instrumentos eletrônicos Holand, além de uma vivência, ao lado de coletivos e artistas do mundo inteiro, na construção do Terminal 1, um dos palcos mais potentes do tradicional Festival de Glastonbury, na Inglaterra.
O Terminal 1 é uma grande instalação artística que leva para dentro de um dos maiores festivais do mundo – que reúne mais de 250 mil pessoas – uma reflexão sobre imigração através de um cenário construído com restos do antigo terminal do aeroporto de Londres, oferecendo ao público a experiência de viver os duros processos migratórios através de performances de artistas que tenham vivenciado processos e relatos de migração.
O palco do Terminal 1 teve uma curadoria especial, voltada para a música da África e da América Latina, uma mistura que fez do espaço um dos mais concorridos do festival. “Através da premiação, a Nave Coletiva esteve presente na construção e na produção dessa experiência, aprendendo, compartilhando tecnologias, plantando muitas sementes e consolidando novas conexões”, afirma Felipe Altenfelder, integrante da Mídia NINJA que participou da vivência no festival inglês em julho.
A relação entre a In Place of War e a Mídia NINJA vem de longa data, já que o coletivo brasileiro tem em sua origem a ligação com o fortalecimento de redes, a produção cultural independente e a realização de festivais no interior do Brasil. Juntas, as duas organizações já promoveram turnês de artistas brasileiros na Europa e trouxeram artistas e ativistas do mundo inteiro para encontros e eventos no Brasil.
Em fevereiro de 2025, uma delegação da qual faziam parte a CEO inglesa Ruth Daniel e Ed O’Brien, guitarrista da banda Radiohead, visitou o recém-fundado estúdio da Nave Coletiva, que nascia através da colaboração de nomes como o cantor e compositor Criolo e outros artistas e coletivos musicais. A visita motivou a inscrição do estúdio no processo seletivo do programa #HackMusic, ao lado de outros 15 projetos de diferentes países. Além do Brasil, representado pelo estúdio da Nave Coletiva, outras duas iniciativas também foram premiadas, uma do Paquistão e outra da África do Sul.
O prêmio internacional abre um novo capítulo na parceria com a In Place of War, tanto para a participação da Nave Coletiva na próxima edição do festival de Glastonbury, em 2027, quanto para uma série de iniciativas de impulsionamento de redes de música, arte urbana e ativismo que serão fortalecidas através das melhorias estruturais e dos novos equipamentos para o estúdio, além das novas conexões e parcerias estabelecidas com a vivência no Festival de Glastonbury.