Cobija, uma cidade boliviana situada na fronteira com o Acre, também esteve na rota da Casa NINJA Amazônia Tour. Tal como diversas cidades fronteiriças, o município acumula uma série de desafios contra mazelas sociais que assolam os dois países. Ao mesmo tempo, a cidade também guarda experiências de cultura e sustentabilidade que ajudam a posicionar o local como importante ponto estratégico para a Amazônia.
A cidade experimentou seu auge econômico na década de 1940 com a implantação da indústria de borracha, mas enfrentou um declínio após o colapso desse setor, perdendo uma importante fonte de renda. No entanto, atualmente, Cobija está em um processo de desenvolvimento e sua população está em crescimento. A principal atividade econômica da região é a produção de castanhas, embora o turismo e o comércio estejam em ascensão. Além disso, a cidade abriga uma zona franca, considerada a maior da Bolívia.
Um dos locais visitados por nossa comitiva foi o Programa Municipal de Inclusión y Diversidad de Genero, onde fomos recebidos por Misskelly Antelo. Ela é uma ativista que desempenhou um papel fundamental na luta pela Lei 807, que garante o direito à retificação de gênero, nome e foto nos documentos de identificação. Hoje, Misskelly colabora no assessoramento de pessoas trans que desejam passar pelo processo de mudança. O centro também desenvolve um importante programa audiovisual, produzindo curtas-metragens e documentários, e proporcionando oportunidades para que pessoas LGBTQIA+ participem de festivais e concursos ao redor do mundo.
Cobija, assim como outras cidades de fronteira mundo afora, enfrenta a realidade do trabalho sexual como parte do cotidiano. No entanto, espaços como o Programa Municipal de Inclusión y Diversidad de Genero têm se dedicado a oferecer dignidade a essa população, fornecendo alternativas de emprego e renda.
Outro local visitado pela Casa NINJA Amazônia em Cobija foi o Coliseu Ernesto Nishikawa, um espaço cultural que preserva a história e a cultura de Pando. Ali, são realizados diversos eventos, desde shows e atividades esportivas até mostras e exposições. Durante a visita, a comitiva teve a oportunidade de apreciar uma valiosa exposição de artistas locais, com pinturas, esculturas e livros que narram as histórias de Cobija, de Pando e de seus povos. Esse projeto cultural busca promover os artistas emergentes da Bolívia, especialmente da região de Pando.
Na busca por soluções sustentáveis e práticas de preservação ambiental, a Casa NINJA Amazônia encontrou a bióloga Ellen Ferreira em Cobija. Ellen é uma das responsáveis pelo projeto Florestania, que se dedica à agrofloresta, permacultura, produção de alimentos orgânicos e livres de veneno, fermentação e biotecnologia aplicada a processos especiais de café. O espaço, localizado entre a cidade e a floresta, valoriza o reaproveitamento e a reutilização de materiais, construindo casas de hiperadobe e utilizando materiais reciclados de demolição.
Além disso, o projeto Florestania acolhe voluntários de todo o mundo, que passam pelo local com o intuito de colaborar com as iniciativas sustentáveis em andamento.
A passagem da Casa NINJA Amazônia por Cobija pôde possibilitar a coleta uma verdadeira narrativa de esperança e transformação. Ao conhecer e difundir esses espaços de resistência, acolhimento e preservação cultural e ambiental, a caravana destaca a importância do engajamento na busca por um mundo mais justo e sustentável.
A Casa NINJA Amazônia continua sua jornada pelos municípios acreanos, colhendo histórias de resistência e reflorestamento. Para acompanhar todas as novidades, não deixe de conferir os stories no perfil @casaninjaamazonia ou em nosso canal no Telegram.