Por Fred Maia
Neste domingo, na Espanha, no campo do Valência, a claque do Clube da casa promoveu mais uma aberrante manifestação de racismo contra Vinicius Junior, um atleta reconhecido mundialmente como um fenômeno do futebol, que inclusive figura como um dos concorrentes ao título de melhor jogador da temporada, e à Bola de Ouro, como o melhor jogador do mundo, pela Fifa.
Não é de ontem essa violência extrema contra o atleta brasileiro, revelado pelo Flamengo, que chegou ao Real Madrid com 18 anos. Parte da perseguição discriminatória e profissional ao atleta, é bom que se diga, surge com as mídias espanholas, que se fizeram tão preconceituosas quanto os animais que vão aos estádios ofender Vini Jr., a cada partida disputada, em flagrante expediente de racismo.
As ofensas, que há muito deveriam ter sido tratadas como crimes, acabaram por se transformar em escândalo mundial, ao tempo em que também denunciam a gravidade da intolerância e da xenofobia, a pulsar por todo lado, como uma doença, uma praga dos tempos que vivemos todos, e que urge combatermos com veemência e responsabilidade diligente.
Foram aquelas mídias as primeiros a destratar o jogador a cada comemoração de gol, a cada fim de partida vitoriosa, numa tentativa covarde de desqualificá-lo exatamente pelo que ele apresenta e sabe operar de melhor dentro de campo: dar espetáculo e doar-se ao jogo.
Vini Jr. é de verdade um gênio, daqueles raros, como também é rara a sua humildade, com uma diferença a mais, para alguém que chegou ao topo com tão pouca idade, saindo de onde saiu:
Vini Jr. nunca baixou a cabeça aos medíocres e teve sempre a atitude corajosa de apontar a violência e o racismo dos quais é vítima, a cada partida, a cada show de bola que promove juntamente com os seus companheiros de clube.
Com todo esse cenário hostil em campo e nos meios de comunicação, é necessário acentuar-se que Vinicius não perdeu a alegria de jogar e de comemorar os seus feitos, cada vez mais espetaculares, em carreira tão curta e em crescente evolução.
O que não se viu, até agora, foi caráter dos dirigentes da La Liga espanhola e da Fifa, entidades pífias e complacentes com o racismo e o preconceito, contra aqueles muitos atletas negros que fazem o espetáculo e, que, garantem a própria existência desses órgãos dirigentes do esporte.
Aos dirigentes do Real Madrid faltou hombridade e empatia com a situação do jogador frente às torcidas adversárias, afinal é o Real Madrid, e o clube deveria ter exigido respeito ao seu defensor, publicamente, e cobrado punição exemplar aos clubes que permitissem agressões fascistas das suas claques, contra Vinicius Jr.
Há de se registrar, para que se faça justiça, a atitude do técnico do Real Madrid, Carlos Ancelotti, que neste domingo fez dura crítica ao comportamento da torcida do Valência, que promoveu grotesca e abjeta canalhice contra o atleta durante a partida.
Ancelotti, inclusive, sugeriu que Vinicius Jr. permanecesse no jogo, quando este pediu para ser substituído em razão das agressões.
O técnico afirmou ao jogador que era ele a vítima e, não culpado, pelo racismo que bradava das arquibancadas. Um comportamento torpe que envergonhou o mundo do futebol e do esporte em geral.
Por fim, é de bom termo não esquecer que os preconceitos dos media contra Vinicius Jr. não surgiram nem começaram em Espanha, mas no Brasil. Senão de forma explicita, mas de forma velada, quando muitos comentadores expuseram opiniões jocosas sobre a capacidade técnica de um garoto que desde sempre revelou-se não como promessa, mas como um raro talento do futebol.
Vinicius Junior merece respeito pelo futebol que joga, pelo caráter que possui como indivíduo e pela forma eloquente com a qual defende a sua honra, as suas origens e a sua negritude. Por tudo isso Vini Jr. é merecedor da “Bola de Ouro” desta temporada, para que cale de vez a insana voz das arquibancadas racistas do mundo.