
Antes mesmo da COP30, que será realizada em novembro em Belém, as periferias da capital paraense já estão no centro dos debates climáticos. Nos dias 22, 23 e 24 de agosto, ocorreu no Curro Velho a terceira edição da COP das Baixadas, uma “desconferência” criada por ativistas para dar protagonismo às vozes dos territórios frequentemente inundados, isolados ou invisibilizados.
O evento tem como objetivo construir espaços próprios de diálogo climático, colocando no centro as experiências de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, extrativistas e periféricas. Desde 2023, a COP das Baixadas vem consolidando articulações locais e revelando as chamadas Yellow Zones, zonas de auto-organização que fortalecem políticas e tecnologias comunitárias.
Na edição de 2025, um dos momentos de destaque foi a mesa “Cooperação entre territórios: formas de articulação e comunicação”, que trouxe reflexões sobre como criar redes de apoio entre povos e comunidades, mostrando que as lutas não estão isoladas, mas interligadas pela defesa da vida, da cultura e do bem viver.

Participaram da conversa Alê Santos (Mídia NINJA e Casa NINJA Amazônia), Joana Amaral (Observatório do Clima) e Thaigon Arapiun (Coletivo Indígena Kirimbawaita), com mediação de Jean Ferreira (COP das Baixadas e Gueto Hub).
Em sua fala, Alê Santos destacou como a cooperação entre territórios está ligada à trajetória do Fora do Eixo e da Mídia NINJA, que nasceram de práticas culturais coletivas e colaborativas. Ela também anunciou que em novembro será inaugurado, em Belém, um Banker, centro de mídias que servirá como espaço de cobertura colaborativa da COP30, reunindo comunicadores, jornalistas, ativistas e parceiros da América Latina.
“Construiremos narrativas de potência, apresentando soluções climáticas e os desafios do território com compromisso e lugar de fala. Está todo mundo convidado para fazer parte disso. Em breve, lançaremos nosso chamado pela plataforma da Floresta Ativista”, afirmou.

Alê também ressaltou o papel da COP das Baixadas como exemplo de que as soluções climáticas podem surgir dos territórios populares:
“É daqui da Vila da Barca que saem as soluções que o mundo precisa. É o que a COP das Baixadas está construindo há mais de três anos. Olha a qualidade desse trabalho realizado com as crianças e adolescentes. É daqui para o mundo, não do mundo para cá.”
A mesa reforçou a importância de fortalecer redes de comunicação e cooperação entre territórios, consolidando a COP das Baixadas como um espaço legítimo de construção coletiva rumo à COP30.