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Debate inaugural da SEDA SP aborda os desafios do audiovisual brasileiro e a importância das políticas públicas no setor

por | jul 8, 2024

Foto: Cobertura Colaborativa SEDA SP

Por Ana Ju Costa

No domingo (7), aconteceu a mesa “Cinema e ação: Desafios das políticas públicas no audiovisual” durante a SEDA – Semana do Audiovisual, realizada pelo Cine Ninja, na sede da Nave Coletiva, em São Paulo. A discussão abordou o ecossistema audiovisual – que é composto pela produção, exibição, difusão, formação e preservação.

Participaram Adriana Pinto da ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação, Adhemar Oliveira curador e sociólogo, Cibele Amaral realizadora audiovisual e roteirista da  CONNE – Conexão Audiovisual  das Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Estavam presentes também Bethania Maia, produtora executiva, curadora e fundadora da Vaporosa Cultural, Adriana Fresquet professora e coordenadora do Grupo de Pesquisa CINEAD da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A primeira mesa da SEDA foi mediada por Karla Martins, cofundadora do Fora do Eixo e coordenadora do Casa Ninja Amazônia. Foi uma grande aula que como um caleidoscópio, se faz de diversos pontos de vista sobre as políticas públicas na construção da soberania do audiovisual brasileiro.

“Muitos filmes estão prontos, mas sem telas!”

Com esta provocação, Karla Martins, instiga os participantes da mesa para pensar juntos sobre a importância das diferentes telas e dos territórios.

As contribuições dos participantes conectam-se com a recente notícia de que o Ministério da Cultura irá lançar um streaming voltado para produção audiovisual nacional e projetos de legislação das plataformas de streaming, como destaca a professora Adriana Fresquet. Quando exibimos um filme brasileiro, estamos incentivando a economia e política brasileiras: “democracia nas telas significa diversidade nas telas para todos os filmes.”

Cibele Amaral, da CONNE, apresentou o estudo FSA 2023 – Resultados e Lições mostrando a multiplicidade de histórias produzidas nessas regiões. Bethania Maia, da APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, ressaltou a necessidade de incluir e manter pessoas negras e indígenas no mercado audiovisual, convidando o público a ler materiais produzidos pela associação sobre políticas públicas para ações afirmativas contínuas sobre a interseccionalidade no debate.

As participantes do debate também indicaram serviços de streaming brasileiros, como Todes Play e Ubuplay,  AmazoniaFLIX.  Além de destacar os festivais e as mostras como forma de divulgação e formação de público das produções nacionais descentralizadas.

Audiovisual nas escolas para continuar a esperançar

A escola ir ao cinema e o cinema dentro das escolas, fazem parte da formação audiovisual, eixo fundamental que sustenta o ecossistema. O audiovisual dentro das escolas trabalha tanto no acesso cultural, na formação crítica que envolve também a necessidade de saber “desconectar-se das telas”, como explicou Adriana Fresquet.

A experiência que “caixa preta” proporciona na sala de cinema faz parte da formação dos espectadores dessa expressão artística e cultural. Já sobre ações atuais, a professora Adriana Fresquet destacou a regulamentação da Lei 13.006-14 e a consulta pública aberta para o Programa Nacional de Cinema na Escola, realizada pela Rede Kino.

Outro ponto, foi a importância da formação de professores como mediadores dessa formação. Adhemar, destaca incluir os professores oferecendo atualização cultural pelo cinema nacional “eles (professores) são um papel de mídia do próprio cinema, de forma autônoma e não teleguiada, e faz isso formando uma comunidade”.

A formação vai além das escolas, como traz Adriana Pinto destacou o papel formativo dos festivais em sua trajetória na animação: “Frequentar espaços de formação (Kinoforum) foi essencial em minha formação”. A presidenta da ABCA e educomunidadora destaca a multietariedade das produções animadas, que não são só “coisa de criança”.

Ainda sobre soberania audiovisual e formação de público, Bethania, exemplifica como a grande disseminação cultural de produções coreanas entre as gerações mais jovens, por exemplo, foram frutos de políticas públicas da Coreia do Sul alinhadas com a formação, mostrando a importância de investimentos tanto da parte pública como mercadológica audiovisual com as novas tecnologias.

Quem vai ao cinema?

Bethania Maia fez o questionamento aos atores, ativistas e tomadores de decisão, trazendo outros pontos importantes para se pensar em políticas públicas, produzidos em pesquisas da APAN: o que aquele território precisa, quem é o público e o que ele quer ver? 

“Políticas públicas são necessárias enquanto o mercado não entende as possibilidades dessas produções marginalizadas pela indústria.” – Bethania Maia)

Com tantas contribuições valiosas, resumir a mesa em um texto é desafiador. Para quem quer se aprofundar e ama uma tela audiovisual como nós, assista a íntegra da mesa:

A SEDA é uma convocatória para celebrar o audiovisual brasileiro, representando as temáticas LGBTQIAPN+, Negra, Indígena, PCD e periférica.

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