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Casa NINJA Amazônia marca presença na XIX Assembleia Munduruku do Médio Tapajós

by | out 30, 2023

Foto: Leo Otero / MPI

Entre os dias 24 e 28 de outubro, a aldeia Poxo Muybu, situada no território Sawre Muybu, no município paraense de Itaituba, tornou-se o epicentro das discussões e lutas do povo Munduruku durante a XIX Assembleia Munduruku do Médio Tapajós. Com participação da Casa NINJA Amazônia, entre outros parceiros, evento reuniu cerca de 400 lideranças, incluindo mulheres e crianças, que debateram questões cruciais relacionadas à educação, saúde, vida e território do povo Munduruku, que enfrenta sérias ameaças devido ao garimpo ilegal em sua região.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a secretária dos Povos Indígenas no Estado do Pará, Puyr Tembé, e o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, marcaram presença no evento, demonstrando seu compromisso com a causa indígena e a importância de encontros como esse para a articulação da luta.

A líder indígena Alessandra Munduruku enfatizou a importância das consultas aos povos indígenas para ações em seus territórios, destacando que o diálogo é fundamental. As lideranças Munduruku apresentaram um plano de ação emergencial para proteger suas terras tradicionais, incluindo a retirada de garimpeiros, madeireiros, pescadores ilegais e invasores de terras. Além disso, o documento pede ações para a segurança das lideranças, a capacitação e contratação de indígenas Munduruku para o monitoramento territorial, e a melhoria das condições de transporte, escolas e atendimento à saúde nas aldeias.

Um dos aspectos mais preocupantes discutidos durante a Assembleia foi a ameaça imposta pelo garimpo ilegal à região. Marielle Ramires, que esteve no evento representando a Floresta Ativista e Casa NINJA Amazônia, relatou a devastação causada pelas dragas no rio, afetando áreas sagradas e contaminando as águas com mercúrio, prejudicando a vida da população local e a fauna aquática. Ela destacou que o lucro do garimpo ilegal alimenta o crime organizado, envolvendo facções, políticos e uma rede internacional.

“Durante nossa participação na XIX Assembleia Munduruku do Médio Xingu uma das paisagens mais desoladoras é das dragas infestando o rio em um local sagrado rodeado por terra indígena e comunidades ribeirinhas”, escreveu. “Crime contra a vida tanto dos diretamente impactados quanto de toda a sociedade, uma vez que rio abaixo leva mercúrio, contaminando as águas , os peixes, os bichos e as populações locais”.

Marielle Ramires observou que esse modelo de desenvolvimento está errado e alertou que, se persistir, terá consequências graves para muitas vidas. Ela destacou a necessidade de uma ação imediata para proteger o meio ambiente e as comunidades locais.

A ministra Sonia Guajajara informou que os processos de demarcação dos territórios Munduruku estão em andamento, com a análise da portaria declaratória para a Sawre Muybu e a conclusão do relatório circunstanciado de delimitação do território da Sawre Ba’pim. Ela ressaltou que esses processos não estão parados e que o Ministério dos Povos Indígenas está acompanhando cada caso.

Apesar dos desafios políticos no Congresso Nacional, a ministra destacou que nos últimos 10 anos foram demarcadas 11 terras indígenas no Brasil, e somente este ano, em oito meses, foram demarcadas oito terras indígenas.

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