Por Renata Pinhatti, produtora cultural
Na cidade de Pelotas, onde o movimento Sofá na Rua se desenvolveu e acontece de forma ininterrupta desde 2012, consolidou-se uma equipe de 9 integrantes, entre artistas, técnicos, produtores e gestores culturais. O movimento tem uma gestão horizontal e democrática e tem por objetivo interferir no espaço público com narrativas urgentes de apoio à pluralidade de ideias e à diversidade poética e estética através de espetáculos musicais, cênicos, mostras audiovisuais e expressões das mais diversas linguagens artísticas a céu aberto, fomentando a formação de público para o segmento autoral e democratizando o acesso à arte, totalizando 90 edições na cidade de Pelotas/RS, sua sede matriz, com uma média de 3 a 5 mil pessoas por evento.
Como consequência das práticas culturais que iniciaram em Pelotas, o movimento propagou-se para além das fronteiras geográficas, originando a Rede Sofá na Rua Brasil que conecta três estados RS (Pelotas, Jaguarão, Chuí, Bagé) MG (Frutal, Itabira) e RJ (Resende) possibilitando expandir-se enquanto tecnologia replicável, deixando lastro que resulta na sua expansão como movimento cultural articulado em rede.
A rede Sofá na Rua Brasil
A Rede Sofá na Rua Brasil é composta por três coordenações femininas (Renata Pinhatti, Marcela Bueno e EloísaPinto) distribuídas entre os três estados (RS, MG e RJ) que compõe a rede. Essas coordenações tem por objetivo dar suporte às equipes que acolhem e encampam a tecnologia Sofá na Rua em seus territórios, além de garantir a aplicação do conceito e dos pilares propostos pela movida.
Como uma tecnologia replicável, o Sofá na Rua não somente ocupa o espaço público desvelando a arte e cultura autoral de cada localidade, como também propícia o debate sobre o direito da cidade.
Para a terceira edição do Sofá na Rua Campos Neutrais que acontece no dia 4/11 na Praça Júlio Sueli Armendaris na Barra do Chuí brasileira, a equipe de gestores e colaboradores que encapam e aplicam a tecnologia Sofá na Rua na fronteira Campos Neutrais, lugar este que está localizado no extremo sul do Brasil, banhado pelo Oceano Atlântico e Arroio Chuí, coloca em evidência obras e manifestações artísticos deste território.
Como característica específica desta localidade, destacam-se os tambores do Candombe e a Murga, a integração entre as culturas de fronteira Brasil/Uruguai e a comunidade árabe, iniciativas agroflorestais e o manifesto de alerta às ações predatórias contra o meio ambiente através da arte ativista.
O Sofá na Rua Campos Neutrais tem como gestora Malena Mesquita artivista, educadora e permacultora e Renata Pinhatti coordenadora do Eixo Sul do Sofá na Rua Brasil.
Sofá na Rua Frontera Branco, nasce do encontro do movimento cultural Sofá na Rua Pelotas com outras movidas culturais desenvolvidas por coletivos fronteiriços como a Casa Azpiroz, Coletivo Colores e Coletivo Quebra Tudo, no ano de 2022 nas cidades irmãs Jaguarão Rio Branco.
A partir desta fusão, a Unipampa Jaguarão somou forças materializado este encontro em uma palestra organizada pelos cursos de Gestão de Turismo e Produção e Políticas Culturais com as coordenadoras Renata Pinhatti (Rede Sofá na Rua Brasil – Eixo Sul) e Ana Júlia Freitas (Sofá na Rua Frontera) a fim de regar as sementes já plantadas e formalizar uma parceria futura.
Em novembro deste mesmo ano, acontece o primeiro evento do Sofá Frontera, aberto oficialmente com uma imersão territorial no espaço da Casa Azpiroz com agentes e articuladores culturais locais em um encontro gastronômico de diálogo e trocas. No dia seguinte, o evento em si em frente a Casa, na Rua, com atrações diversas como malabares, teatro, poesia, música, capoeira e feira de artesãos e artistas. O ponto alto do evento foi a cuerda de tambores fronteiriça, onde se armou uma fogueira para o ritual de toque onde brasileiros e uruguaios se juntaram para tocar candombe, ritmo tradicional afro urugaio. Este se tornou um ritual, onde agora em outubro deste ano na nossa segunda edição repetimos, mas desta vez no lado brasileiro, no Largo das Bandeiras na cidade de Jaguarão.
O Sofá na Rua Frontera teve sua segunda edição caracterizada pelo financiamento da Pró Reitoria de Extensão da Unipampa, o que possibilitou a execução de um belo evento plural que contemplou uma feira diversificada de artistas locais e artesãos, bem como um conjunto de atrações artísticas variadas com enfoque na cultura negra de fronteira como Candombe, samba e Hip Hop.
O Movimento Sofá na Rua na Fronteira Jaguarão Rio Branco se dá de maneira integrada à parceiros no território, trazendo o diálogo cultural das ruas para dentro da universidade e saindo desta fortalecido e aberto para a comunidade.
O Sofá na Rua Frontera tem como gestora Ana Júlia Freitas, produtora cultural e arquiteta sustentável e Renata Pinhatti Coordenadora do Eixo Sul do Sofá na Rua Brasil.
O Sofá na Rua Frutal localizado no interior de MG, iniciou no ano de 2019 através de um processo de articulação com artistas e agentes culturais da cidade, um processo extremamente importante que impulsionou inclusive a criação de uma feira de artesanato de rua mensal e a criação do Conselho de Cultura da cidade. Para além do evento que já aconteceram 4 edições e está já com a próxima aprovada em edital municipal para acontecer muito em breve. Os integrantes do coletivo dialogam, participam e contribuem com movimentos sociais, políticos e artísticos importantes da cidade e região contribuindo assim no fortalecimento de diversas narrativas de resistência local.
Diversos pilares são a base do movimento local, entre eles: a valorização e profissionalização dos artistas locais, o diálogo, a circulação e recepção de agentes e artistas das cidades ao redor e o debate de pautas importantes como o cenário LGBTQIAPN+, racismo estrutural, o patriarcado no interior mineiro entre outros.
O Sofá na Rua Frutal tem como gestora Marcela Bueno arte educadora, atriz e produtora cultural e coordenadora do Eixo mineiro do Sofá na Rua Brasil
O Sofá na Rua Itabira/MG teve sua primeira edição em 2017 e v volta ás ruas debotando a cara em um debate fundamental para nossa cidade: a mineração.
Sua segunda edição, com produção do LAMOCA e apoio da Prefeitura Municipal de Itabira e Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), por meio do programa “Descentraliza”, vai ocupar a Vila Paciência, bairro que é uma pedra no caminho da mineradora e passa por processos de desapropriação desde a década de 80.
O evento acontecerá no próximo 11/11. Vem todo mundo! Itabira tá que tá! Sofá na Rua Itabira tem como gestora Nouara Monteiro, produtora cultural e artista local.
O Sofá na Rua Resende nasce com um grupo de amigas e amigos, engajados em promover uma nova onda de trocas culturais e artísticas na cidade. Diante desse desafio, nos organizamos e conseguimos realizar 7 edições do Sofá na Rua entre 2017 e 2018. Passados os anos, com as mudanças do grupo e também com a pandemia, em 2022 conseguimos avançar com a proposta e realizamos o Sofá na Escola, em que levamos a proposta da rua para os pátios de uma escola da cidade. Em 2023, o Sofá na Rua Resende segue se articulando para novas edições e desafios. Sofá na área Resende tem com gestora a musicista e produtora cultural Eloisa Pinto.