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Bianca Lima: a cozinheira por trás da Xepa, rede de ativismo alimentar

por | nov 2, 2023

Por Joana Alves

“Foi através das xepas e vivências nas cozinhas coletivas das casas Fora do Eixo que, de forma empírica, entendi que a fome era uma questão política e que o universo da alimentação em nossa sociedade é composto por inúmeras contradições, mas que também é uma ferramenta potente de afeto e disputa social”. Se você leu essa fala e conseguiu visualizar a grandiosidade da construção social pela qual Bianca Lima passou, a gente está na mesma página nessa história. 

A cozinheira ativista que comanda o fogão consciente da Xepa Ativismo tem em seu DNA a atenção para o que é posto no prato e o que alimenta o corpo. Em Brasília, Uberlândia ou em qualquer lugar onde as aventuras revolucionárias a levarem, Bianca carrega consigo as lições aprendidas com os pais, dona Aparecida e seu Ricardo, e com a construção coletiva de mais de 14 anos na NINJA.

Das xepas com a mãe no Ceasa do DF ou ao lado de Ninjas em vários cantos do país, a taguatinguense adotada pela mineira Uberlândia consolidou que “a alimentação não se resume somente a culinária”. Chef ativista desde o Goma Cultura em Movimento (casa de show que a aproximou do que viria a se tornar a Mídia NINJA), Bianca afirma que a vivência na cozinha a “permitiu compreender na prática o machismo, racismo e classismo, e pensar como combater essas questões por meio da comida”.

“Uma das mudanças mais marcantes na minha rotina de cozinheira ativista foi compreender minha missão como uma forma de empoderamento individual. Foi aprender a aplaudir minha trajetória na construção de processos e aventuras coletivas que surgem a partir da comida”, contou Bianca.

À frente da Xepa Ativismo, a rede de ativismo alimentar da NINJA, Bianca aceitou a missão fundamental de comunicar sobre alimentação segura e de qualidade como direito humano. É por lá que, no dia a dia, o público acessa conteúdos questionadores e que, consequentemente, explora os processos sociais e políticos responsáveis por levar a comida para o prato das pessoas.

Fora das redes, nossa xepaativister aplica o que aprendeu (e aprende) e também assume a responsabilidade sobre as panelas das cozinhas coletivas por que passa. “Expressão de cuidado, empatia e responsabilidade para com o mundo e as pessoas”, foi através do ato de cozinhar que ela olhou para os alimentos de forma integral.

“Aprendi a considerar a jornada dos ingredientes, desde sua origem até o prato final, levando em conta as necessidades e desejos das pessoas que serão alimentadas. Isso não apenas me fez uma cozinheira mais consciente, mas também me incentivou a pensar em como a comida pode ser uma poderosa ferramenta para a construção de conexões humanas e a promoção de mudanças positivas em nossa sociedade”, apontou Bianca.

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