loader image

Casa NINJA Amazônia realiza cobertura de encontro antimineração no Equador com lideranças indígenas e negras da América Latina

por | out 23, 2023

Foram registradas histórias da comunidade Kichwa Serena e de ativistas latinos que trouxeram para o encontro diversas demandas urgentes e emergentes de seus territórios

A Casa NINJA Amazônia segue firme em suas rotas e na última semana passou pela comunidade Kichwa Serena, na província de Napo, Equador, onde participou e realizou a cobertura do Congresso BILM 2023. O evento reuniu lideranças e ativistas negras e indígenas de toda a América Latina.

O encontro destaca o 1º Acampamento Antimineração, uma iniciativa promovida pelo Movimento de Libertação Negra e Indígena (sigla em inglês, BILM).

Marielle Ramires, uma das fundadoras da Mídia NINJA e do Fora do Eixo, compartilhou conosco sobre este importante encontro.

Ela destacou os desafios enfrentados pela região da Amazônia equatoriana, que se tornou um epicentro de resistência contra a mineração, enfrentando o risco de contaminação, impactos na saúde e na subsistência. Mais de 1.400 conflitos ambientais em todo o continente americano estão relacionados à extração de recursos naturais.

O Black Indigenous Liberation Movement (BILM) é uma iniciativa que visa combater o racismo, a discriminação, a violência, o colonialismo e os impactos do capitalismo racial. O movimento é composto por membros e aliados de 22 países, incluindo organizações, comunidades e movimentos sociais que compartilham o objetivo de criar um mundo mais justo e igualitário.

A cobertura do Congresso BILM 2023 foi repleta de eventos significativos. Durante o primeiro dia do encontro, membros do povo Kichwa realizaram uma cerimônia da Guayusa, oferecendo uma oportunidade única para os participantes conhecerem um pouco mais sobre a cultura ancestral desse povo indígena.

Lucia Ixchíu, coordenadora do BILM e indígena do povo K’iche, compartilhou a importância da colaboração entre os povos indígenas e afrodescendentes na defesa da vida e dos territórios. Ela também destacou como o movimento BILM surgiu da luta das mulheres indígenas durante a pandemia, quando impulsionaram um debate sobre a cura da Terra e a necessidade de proteger nosso planeta.

Leo Cerda, uma liderança Kichwa da comunidade Serena e co-fundador do BILM, enfatizou a importância do encontro. Mais de 60 cineastas, jornalistas, comunicadores comunitários e storytellers se reuniram para abordar questões cruciais, como mudanças climáticas, justiça racial e social. Essa diversidade de vozes e perspectivas está contribuindo para a promoção de soluções inovadoras e práticas na luta pela justiça e igualdade.

Durante o encontro também conversamos com um importante liderança negra: Carlos Alvarez Nazareno, argentino membro da Agrupação Xangô, organização negra que luta pelo fim do racismo, da xenofobia, da descriminação e que também vem para o congresso colocar a perspectiva afrodescendente na pauta antimineração.

A cultura alimentar dos povos da Amazônia Equatoriana é um verdadeiro tesouro de tradições e ancestralidade. Durante nossa visita à comunidade, testemunhamos a preparação da comida com base na gastronomia tradicional local.

Conversamos com uma das chefs internacionais do BILM, a Rosa Chavez, que nos apresentou o cardápio cuidadosamente preparado para um dos cafés da manhã.

Em um vídeo, Rosa mostrou o tradicional ensopado de carne com legumes e um majado de verde, feito com banana verde cozida, amassada e misturada com cebola, alho e urucum. Além disso, preparou um guisado de champignons com salada, enfatizando que o preparo tradicional valoriza ingredientes totalmente livres de produtos aditivos, mantendo tudo ao natural.

Essa abordagem respeita não apenas a tradição culinária, mas também a partilha e a celebração da comida como um símbolo de unidade e conexão com a natureza, reforçando o vínculo inquebrantável entre os povos amazônicos e o seu ambiente.

O Congresso BILM 2023 é um marco na construção de alianças entre aqueles que trabalham incansavelmente pela justiça, pela preservação da Terra e pela promoção dos direitos das comunidades indígenas e afrodescendentes em toda a América Latina. A Casa NINJA Amazônia continua seu compromisso em divulgar essas vozes e histórias, ampliando a conscientização sobre os desafios enfrentados por essas comunidades e celebrando as soluções e a resiliência que elas representam.

Confira também o ato de abertura do encontro, a cerimônia da Guayusa, onde pudemos conhecer um pouco mais sobre a sua cultura ancestral.

VOLTAR