Por Paulo Zé Barcellos

Último domingo estivemos em Pelotas para acompanhar e participar da edição número 87 do Sofá na Rua, que hoje é muito mais do que um evento pontual da cidade de Pelotas. O Sofá se habilita como uma poderosa rede de articulação de cidades, não só aqui no estado, como também ganha espaço em algumas cidades pelo Brasil.

No inverno gaúcho, faz frio, tem neblina, cerração, o sol aparece, há vento e, por vezes, chove muito. Esta edição número 87 do Sofá na Rua chegou a ser transferida umas 3 vezes devido às chuvas e somente no domingo, 9 de julho, pôde ser realizada com sucesso.

Saímos em uma van do nosso querido parceiro Binotur, direto do casarão da Marquise 51, rumo a Pelotas. Um time composto por agentes culturais, artistas e técnicos. São aproximadamente 3 horas de estrada pela BR-116 até Pelotas. A estrada oscila entre pontos bons e buraqueira. Há uma obra em curso para duplicação da estrada, o que vai melhorar bastante para quem vai ou vem do Sul do estado. Esse corredor Sul-Sur é muito importante. Pelotas, Rio Grande, Bagé, Santa Vitória, Jaguarão até o Chui, na fronteira com o Uruguai, são cidades com potencial para desenvolver cultura, receber artistas de passagem e fornecer paradas estratégicas bastante interessantes em circulações culturais.

A rede Sofá na Rua já vem articulando com muitas destas cidades e expandindo a visão, muitas vezes limitada, do potencial de cada um destes polos. Com a chegada de recursos da Lei Paulo Gustavo e futuramente da LAB II, III… as perspectivas ainda serão mais favoráveis.

Voltando ao domingo, foi muito bacana após o maravilhoso almoço que tivemos no Espaço Nave acompanhar todo o processo de montagem do Sofá na Rua, sob o delicioso sol entre nuvens, aconchegantemente instalados nos sofás na rua. Sobem palco, sobe telão, sobe luz, sobe som, se multiplicam as banquinhas da feira e as pessoas começam a chegar em um fluxo constante até que temos umas 3 mil pessoas ou mais acompanhando o evento.

Um suporte bacana para o evento em si vem do Galpão Satolep, que abre suas portas para fornecer os banheiros para o povo. Não tem gente fazendo o que não deve em lugar que não deve, muito graças a isso, e o Galpão é um espaço incrível com uma história muito bacana.

Um salve para a equipe do Sofá, que manda muito bem com um sorriso no rosto o tempo todo. Eu e Mari Martinez fomos convidados a falar um pouco no microfone, convidamos todos para colar no Morrostock em dezembro, falamos sobre a retomada da cultura, MinC, Paulo Gustavo e nossa rede colaborativa Fora do Eixo. Afinal, o Sofá na Rua é um evento que nasceu no Fora do Eixo e segue até hoje.

Lucas Hanke e Cromatismos de Sensações fizeram um show surpreendente, diante de uma multidão que praticamente não conhecia sua música autoral. Ele arrebatou a audiência em quase sua totalidade. O show ainda teve a participação de sua companheira, amiga e esposa Mari Martinez, que cantou “Presa”, canção de sua autoria. – “Nós estamos aqui livres, mas tem alguém que está inelegível e que logo, logo vai para a cadeia!” soltou Mari, para delírio da galera.

Após o show, seguiram as atrações, uma mostra audiovisual chamada Mostra Transviada, que cativa bastante e dá um ar muito diverso, tanto na parte estética como nos gêneros, ao evento.

Depois de trocar muitas ideias no Galpão Satolep, rumamos novamente para jantar no excelente Espaço Nave e, para alegria de todos, havia opções incríveis para comer: hambúrgueres, pizza ou mesmo parilla!

Trocamos mais mil ideias sobre planos de integração entre eventos, circulação, a cena local, estilos emergentes e saímos de lá com a certeza de que o caminho é esse mesmo, criar comunidades locais que fortaleçam seus territórios e a partir disso consigamos realmente essa mudança perene através da cultura, construindo esse mundo melhor, esse mundo “bão”.

Valeu, Renata, André, Isa, Serginho, Mano Val e toda equipe envolvida. Vida longa ao Sofá na Rua e às conexões em rede. Pelotas está pulsando forte!