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6 motivos para você colocar o podcast ‘Nos Armários dos Vestiários’ nos seus favoritos

por | jun 2, 2023

Por Carol Tokuyo

O mês do orgulho chegou e, com ele, uma enxurrada de conteúdos LGBTs começa a circular por todos os lugares. Existe muita propaganda oportunista, pink money e queerbating, mas também encontramos pérolas e produções incríveis capazes de mover estruturas. E é na categoria dos debates profundos e urgentes que ‘Nos Armários dos Vestiários’ se apresenta. Um podcast investigativo que começa a mostrar os mecanismos que a homofobia usa para se perpetuar no mundo do futebol, um dos ambientes mais LGBTfóbicos que existe.

O podcast consegue ilustrar de forma muito contundente como as estruturas estão todas contaminadas pela cultura machista e ao mesmo tempo conta histórias de pessoas incríveis que enfrentaram esse contexto e ficaram para a história. Um trabalho corajoso de jornalismo narrativo e investigativo, com investigação de Joanna de Assis, que apresenta o podcast ao lado de William de Lucca.

Foto: Divulgação

  1. Quantos jogadores assumidamente gays você conhece? Exatamente.

Não é por acaso que, até hoje, podemos contar nos dedos de uma mão o número de jogadores abertamente gays no futebol. A masculinidade tóxica ainda é extremamente arraigada no esporte em geral, mas no futebol masculino é onde encontramos as maiores expressões dessa cultura opressora.

É em meio a esse contexto que o podcast entrevista ex-atletas, membros de comissão técnica, árbitros e torcedores, para chegar à conclusão que existem centenas, se não milhares, de pessoas LGBTQI+ no futebol masculino. E quase todas elas estão dentro dos armários, com medo pelas suas carreiras, vivendo vidas duplas, sob uma grande pressão e sofrimento.

Reconhecer essa realidade ao invés de negá-la é o primeiro passo para que possamos construir ambientes mais saudáveis e menos opressores.

Richarlyson. Foto: Marcos Ribolli

2. Entrevista histórica com Richarlyson

Sem dúvida, um dos episódios mais importantes da série é a entrevista com o ex-jogador Richarlyson, que atualmente atua como um dos principais comentaristas de futebol da televisão. Durante o bate papo, o atleta se declara bissexual pela primeira vez, o único jogador com passagem pela seleção brasileira, a se assumir LGBTQI+.

3. A base de tudo

Com certeza o episódio mais chocante do podcast. É aqui que conseguimos enxergar que o buraco é mais embaixo e o quanto a cultura machista está instalada desde a base e operando de forma altamente sofisticada. Os atletas chegam na base jovens, iniciando sua formação como pessoa, a maioria deles com poucas condições financeiras e preparo emocional. Eles são jogados em uma estrutura totalmente despreparada, repleta dinâmicas opressoras que não dão espaço algum para qualquer expressão não normativa de masculinidade. O resultado não poderia ser diferente. E vamos entendendo tudo isso a partir da história de Douglas Braga, um goleiro gay da divisão de base do Botafogo e da Nicole, uma mulher trans que abriu mão de anos de carreira profissional para poder fazer a transição de gênero.

Margarida em uma de suas poses clássicas enquanto atuava como árbitro.

4. Margarida e Borboleta

Você vai se surpreender ao conhecer a história de Margarida e Borboleta, dois árbitros assumidamente gays que conquistaram o Brasil nos anos 80 e início dos 90. Com muito profissionalismo, os amigos superaram preconceitos, driblaram a violência e ficaram conhecidos pela irreverência e o apito honesto. Uma história de luta e muita inspiração que é contada no episódio O Sindicato do podcast.

Foto: Douglas Magno / AFP

5. O primeiro árbitro Fifa a se declarar gay

No mesmo episódio, O Sindicato, o podcast entrega outra uma grande surpresa, a entrevista de Igor Benevenuto. Nela, o juiz do quadro FIFA, que assume publicamente pela primeira vez sua homossexualidade. Igor conta como conhece muitos outros atletas, membros de comissão técnica e juízes gays, que ainda estão dentro do armário sofrendo uma enorme pressão. Ele também conta como, durante muito tempo, precisou se ‘disfarçar’ de heterossexual para poder ser socialmente aceito.

6. Mea Culpa da Imprensa

Existe um episódio inteiro dedicado ao papel da imprensa esportiva na criação e manutenção da estrutura machista no futebol. Pouco espaço para jornalistas LGBTQIA+ e mulheres, cultura tóxica e discriminatória das redações, grandes meios com representações estigmatizadas, sensacionalistas e até mesmo falsas com jogadores e clubes. William de Lucca e Joanna Assis trazem suas próprias experiências nas redações e relatos de profissionais como Alê Xavier, Renata Mendonça e Victor Bessa.

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