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NINJA visita assentamentos da luta por moradia em Cuiabá

por | jul 12, 2023

Da esquerda para direita: Lidiane Barros ( Casa Ninja Amazônia), Dríade Aguiar (Mídia NINJA) e Débora Cristina Jarreta ( Associação Brasil dos Sem Tetos)

No último final de semana, durante a ExpoFavela Mato Grosso, tivemos a oportunidade de conhecer duas importantes lideranças de cinco novas ocupações em Cuiabá, localizadas na região do Contorno Leste. Luiz Fernando Proença, presidente da Associação Brasil dos Sem Tetos, e Débora Cristina Jarreta de Oliveira, estudante de Direito, estão liderando a luta pela garantia do direito constitucional à moradia e nos receberam para uma conversa.

No coração do assentamento Brasil 21 – 2ª etapa, onde fica a horta e cozinha comunitárias, Débora nos falou sobre o cotidiano das mais de 980 famílias que vivem lá há nove meses e seus planos para se estabelecerem de forma permanente na área. Além disso, há uma lista de espera com mais de 1500 famílias. Além do Brasil 21, eles também lutam pelos direitos das famílias de outros quatro assentamentos: Lula 1, Lula 2, Lula 3, Lula 4 e Flor Leste. Essas ocupações abrigam, ao todo, mais de 5 mil famílias.

Os moradores adquirem as mudas por meio de contribuições, unindo-se para plantar, regar e colher. Também há uma cozinha com fogão à lenha onde são preparadas três refeições diárias: café da manhã, almoço e jantar. Se os moradores desejarem preparar algo em suas casas, podem abastecer-se ali. A produção da horta também abastece outras quatro cozinhas comunitárias, uma em cada ocupação.

No Lula 1, também tivemos a oportunidade de visitar outra cozinha comunitária. Além disso, eles realizaram doações de produtos orgânicos da horta para uma creche próxima aos assentamentos. Da mesma forma, quando há itens que podem ser compartilhados, a direção da creche também contribui.

No Brasil 21, os moradores já comemoram o quarto ciclo de colheita. Além disso, próximo à horta, Débora aponta um espaço que em breve será destinado às crianças para brincarem. Além dos planos futuros de construir uma escola, creche e quadra esportiva, no momento, o foco principal é garantir serviços básicos, como eletricidade, água e saneamento. Essas são responsabilidades do poder público, até que as ocupações sejam oficialmente reconhecidas como bairros. Para alcançar esse objetivo, eles estão envolvendo vereadores e deputados nas discussões sobre o direito à moradia.

Débora enfatizou que a maioria das famílias é liderada por mulheres, representando cerca de 70% do total. Por outro lado, o restante corresponde à comunidade de imigrantes, como venezuelanos e haitianos. Além disso, ela destaca que os altos aluguéis representam um desafio significativo para o desenvolvimento econômico dessas famílias.

Segundo Débora, embora o governo afirme que não há pobreza na região e que Mato Grosso é a capital do agronegócio, uma realidade é diferente. Talvez essas sejam válidas apenas para aqueles envolvidos no setor agrícola. Esse jovem, que veio de Brasília em busca de novas oportunidades, liderou conquistas na primeira etapa do Brasil 21. Por isso, sua presença é fundamental para o sucesso da luta das famílias nas novas ocupações. Além disso, ela é mãe solteira de um menino de 16 anos e uma menina de 7. Débora destaca: “No Brasil 21, que é um bairro de cohab, eu direcionei minha luta aos governantes, batia na porta dos políticos e obtiveram sucessos Percebi que sou uma dessas pessoas que querem contribuir e melhorar a vida das pessoas”.

Ao seu lado, Fernando explica que já existe uma ordem de despejo para as famílias. No entanto, eles estão empenhados em reverter essa decisão judicial. “Enfrentamos uma batalha judicial contra uma empresa chamada Ávida, que é uma grande construtora. Nos últimos anos, inclusive, ela declarou falência. É importante ressaltar que não temos nada contra a empresa. Simplesmente estamos lutando por um movimento social que reconhece que essa área descartados por muitos anos, servindo como depósito de lixo. As famílias entenderam que era uma grande oportunidade de ter um lar digno para morar.

Fernando destaca a falta de políticas públicas que garantam o direito à moradia. “Assim, as famílias são obrigadas a ocupar essas áreas abandonadas em busca de um direito constitucional, que é o direito à moradia. Além disso, para nós, a moradia é apenas o começo da luta. Por meio de um lar digno, essas famílias melhorar sua saúde, educação e ter momentos de convivência familiar. Além disso, conseguir ter uma vida conjugal mais estável”.

Além da luta pela moradia, as lideranças também estão focadas na qualidade de vida das famílias. Por exemplo, Débora organiza rodas de conversa quinzenais com mulheres, onde são discutidos diversos temas relacionados ao universo feminino, incluindo saúde e questões jurídicas. Dessa forma, promova um ambiente de apoio e troca de informações.

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